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PESQUISA


1.1. Conceito e finalidade


1.1.1. Conceitos


São inúmeros os conceitos sobre pesquisa, uma vez que os estudiosos ainda não chegaram a um consenso sobre o assunto.
Segundo Asti Vera (1979:9), o “significado da palavra não parece ser muito claro ou, pelo menos, não é unívoco”, pois há vários conceitos sobre pesquisa, nos diferentes campos do conhecimento humano. Para ele, o ponto de partida da pesquisa encontra-se no “problema que se deverá definir, examinar, avaliar, analisar criticamente, para depois ser tentada uma solução” (1979:12).
De acordo com webster’s international dictionary, a pesquisa é uma indagação minuciosa ou exame crítico e exaustivo na procura de fatos e princípios; uma diligente busca para averiguar algo. Pesquisar não é apenas procurar a verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos.
Ander-Egg (1978:28) vai além: para ele, a pesquisa é um “procedimento reflexivo sistemático, controlado a crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”. A pesquisa, portando, é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento cientifico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.
A pesquisa tem, para Rummel (1972:3) dois significados: em sentido amplo, engloba todas as investigações especializadas e completas; em sentido restrito, abrange os vários tipos de estudos e de investigações mais aprofundados.
Abramo (1979:25) aponta a existência de dois princípios gerais, validos na investigação científica, e que podem ser assim sintetizados: “objetividade e sistematização de informações fragmentadas”; indica, ainda, princípios particulares: aqueles que são validos para a pesquisa, em determinado campo do conhecimento, e os que dependem da natureza especial do objeto da ciência em pauta.
A pesquisa tem importância fundamental no campo das ciências sociais, principalmente na obtenção de soluções para problemas coletivos.
O desenvolvimento de um projeto de pesquisa compreende seis passos:
1. Seleção do tópico ou problema para a investigação.
2. Definição e diferenciação do problema.
3. Levantamento de hipóteses de trabalho.
4. Coleta, sistematização e classificação dos dados.
5. Analise e interpretação dos dados.
6. Relatório do resultado da pesquisa.


1.1.2. finalidades


A finalidade da pesquisa é “descobrir respostas para questões, mediante a aplicação de métodos científicos”, afirmam Selltiz ET alii (1965:5). Estes métodos, mesmo que, ás vezes, não obtenham respostas fidedignas, são os únicos que podem oferecer resultados satisfatórios ou de total êxito.
Para Trujillo (1974:171), a pesquisa tem como objetivo “tentar conhecer e explicar os fenômenos que ocorrem no mundo existencial”, ou seja, com esses fenômenos operam, qual a sua função e estrutura, quais as mudanças efetuadas, por que e como se realizam, e até que ponto pode sofrer influencias ou ser controlados.
São duas as finalidades da pesquisa, para Bunge (1972:9): “acumulação e compreensão” dos fatos levantados. Esse levantamento de dados se faz por meio de hipóteses precisas, formuladas e aplicadas sob a forma de respostas ás questões (problema da pesquisa).
A pesquisa sempre parte de um tipo de problema, de uma interrogação. Dessa maneira, ela vai responder ás necessidades de conhecimento de certo problema ou fenômeno. Varias hipóteses são levantadas e a pesquisa pode invalidá-las ou confirmá-las.
São duas também as finalidades da pesquisa apontadas por Trujillo (1974:173-174):
1. Pura. Quando melhora o conhecimento, pois permite o desenvolvimento da metodologia, na obtenção de diagnósticos e estudos cada vez mais aprimorados dos problemas ou fenômenos. Exemplo: teoria da relatividade.
2. Pratica. Quando elas são aplicadas com determinado objetivo prático. Exemplo: aplicação da energia nuclear.
Selltiz ET alii expõem quatro finalidades da pesquisa (1965:61):
1. Familiaridade. Em relação a certo fenômeno ou obtenção de novos esclarecimentos sobre ele, visando ao desenvolvimento de hipóteses ou á formulação de um problema preciso.
2. Exatidão. Na representação das características grupais, individuais ou de situações.
3. Freqüência. De um fenômeno ou de determinado tipo de relações.
4. Analise. De hipóteses causais.


Os planos de pesquisa variam de acordo com sua finalidade.
Toda pesquisa deve basear-se em uma teoria, que serve como ponto de partida para a investigação bem sucedida de um problema. A teoria, sendo instrumento de ciência, é utilizada para conceituar os tipos de dados a serem analisados. Para ser valida, deve apoiar-se em fatos observados e provados, resultantes da pesquisa. a pesquisa dos problemas práticos pode levar á descoberta de princípios básicos e, frequentemente, fornece conhecimentos que tem aplicação imediata.
1.2. Características, campos e tipos de pesquisa
1.2.1. Características
Tomando Best (1972:8-9) como base, podem-se resumir as características da pesquisa da seguinte maneira:
1.2.1.1. Procedimento sistematizado
É aquele por meio do qual novos conhecimentos são coletados, de fontes primarias ou de primeira mão. A pesquisa não é apenas confirmação ou reorganização de dados já conhecidos ou escritos nem a mera elaboração de idéias; ela exige comprovação e verificação. Dá ênfase ao descobrimento de princípios gerais, transcende as situações particulares e utiliza procedimentos de amostragem, para inferir na totalidade ou conjunto da população.

1.2.1.2 Exploração técnica, sistemática e exata

O investigador, baseando-se em conhecimentos teóricos anteriores, planeja cuidadosamente o método a ser utilizado, formula problema e hipóteses, registra sistematicamente os dados e os analisa com a maior exatidão possível. Para efetuar a coleta dos dados, utiliza instrumentos adequados, emprega todos os meios mecânicos possíveis, a fim de obter maior exatidão na observação humana, no registro e na comprovação de dados.


1.2.1.3 Pesquisa lógica e objetiva


Deve utilizar todas as provas possíveis para o controle dos dados coletados e dos procedimentos empregados. O investigador não se pode deixar envolver pelo problema; deve olhá-lo objetivamente, sem emoção. Não deve tentar persuadir, justificar ou buscar somente os dados que confirmem suas hipóteses, mas comprovar, o que é mais importante do que justificar.


1.2.1.4 Organização quantitativa dos dados


Os dados devem ser, quanto possível, expressos com medidas numéricas. O pesquisador deve ser paciente e não ter pressa, pois as descobertas significativas resultam de procedimentos cuidadosos e não apressados. Não deve fazer juízo de valor, mas deixar que os dados e a lógica levem á solução real, verdadeira.


1.2.1.5 Relato e registro meticulosos e detalhados da pesquisa


A metodologia deve ser indicada, assim como as referencias bibliográficas, a terminologia cuidadosamente definida, os fatores limitativos apontados e todos os resultados registrados com a maior objetividade. As conclusões e generalizações devem ser feitas com precaução, levando-se em conta as limitações da metodologia, dos dados recolhidos e dos erros humanos de interpretação.


1.2.2 Campo da pesquisa social


A pesquisa social é um processo que utiliza metodologia cientifica, por meio da qual se podem obter novos conhecimentos no campo da realidade social. O Americam Journal of Socology publicou um esquema organizado pela sociedade Americana de Sociologia, indicando o campo que a pesquisa social abrange (Na-der-Egg, 1978:30):


1. Natureza e personalidade humanas.
2. Povos e grupos culturais.
3. A família.
4. Organização social e instituição social.
5. População e grupos territoriais: demografia, população e ecologia.
6. A comunidade rural.
7. A conduta coletiva.
a. Periódica.
b. Recreação, comemorações, festivais.
8. Grupos antagônicos e associativos:
a. Sociologia da religião;
b. Sociologia da educação;
c. Tribunas e legislação;
d. Mudança social e evolução social;
9. Problemas sociais, patologia social e adaptações sociais:
a. Pobreza e dependência;
b. Crime e delinqüência;
c. Saúde;
d. Enfermidade;
e. Higiene;
10. Teoria e métodos.
a. Estudo de casos individuais;
b. Teoria sociológica e histórica.
Este esquema engloba, de forma geral, as instituições sociais, as áreas de cooperação e conflito, os problemas sociais. Todas as variedades das relações humanas estão incluídas no total dos problemas enfocados pela pesquisa social. Todavia, o esquema não está completo. Um dos aspectos não enfocados refere-se á comunicação e, especificamente, ás medidas de opinião e atitudes.


1.2.3 Tipos de pesquisa


Os critérios para a classificação dos tipos de pesquisa variam de acordo com o enfoque dado pilo autor. A divisão obedece a interesses, condições, campos, metodologia, situações, objetivos, objetos de estudo etc.


Ander-Egg (1978:33) apresenta dois tipos:
a. Pesquisa básica pura ou fundamental. É aquela que procura o progresso científico, a ampliação de conhecimentos teóricos, sem a preocupação de utilizá-los na pratica. É a pesquisa formal, tendo em vista generalizações, princípios, leis. Tem por meta o conhecimento pelo conhecimento.
b. Pesquisa aplicada. Como o próprio nome indica, caracteriza-se por seu interesse pratico, isto é, que os resultados sejam aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na realidade.
Best (1972:12-13), além dessas duas classificações – fundamental e aplicada -, acrescenta mais três:
a. Histórica. “Descreve o que era” – o processo enfoca quatro aspectos: investigação, registro, analise e interpretação de fatos ocorridos no passado, para, por meio de generalizações, compreender o presente e predizer o futuro.
b. Descritiva. “Delineia o que é” – aborda também quatro aspectos: descrição, registro, analise e interpretação de fenômenos atuais, objetivando o seu funcionamento no presente.
c. Experimental. “Descreve o que será” – quando há controle sobre determinados fatores; a importância encontra-se nas relações de causa e efeito.
Hymann (1967:107-108) indica dois tipos:
a. Descritiva. Simples descrição de um fenômeno.
b. Experimental. Levantamentos explicativos, avaliativos e interpretativos, que tem com objetivos a aplicação, a modificação e/ou a mudança de alguma situação ou fenômeno.
Há os que a classificam em:
a. Individual. Realizada apenas por um individuo.
b. Grupal. Constituída por uma equipe formada por especialistas de vários campos do conhecimento humano.
Selltiz et alii apontam três esquemas (1965:61-62):
a. Estudos formulativos, sistemáticos ou exploratórios. Enfatizam a descoberta de idéias e discernimentos.
b. Estudos descritivos. Descrevem um fenômeno ou situação, mediante um estudo realizado em determinado espaço-tempo.
c. Estudos de verificação de hipóteses causais. Emglobam a explicação cientifica e, em conseqüência, a sua previsão. A sua explicação pode levar á formulação de leis se a investigação atingir setores avançados.
Rummel (1972:3) apresenta quatro divisões:
a. Pesquisa bibliográfica. Quando utiliza materiais escritos.
b. Pesquisa de ciência da vida e ciência física – experimental. Quando tem como campo de atividade o laboratório.
c. Pesquisa social. Quando visa melhorar a compreensão de ordem, de grupos, de instituições sociais e éticas.
d. Pesquisa tecnológica ou aplicada – pratica. Quando objetiva a aplicação dos tipos de pesquisa relacionados ás necessidades imediatas dos diferentes campos da atividade humano.
Há, ainda, os que subdividem os tipos de pesquisa em:
a. Monodisciplinar. Pesquisa realizada apenas um campo do conhecimento cientifico.
b. Interdisciplinar. Pesquisa em uma área de fenômenos estudados por investigadores de diferentes campos das ciências sociais: antropologia social, economia política, psicologia social, socioeconomia etc. o problema pose ser enfocado de modo distinto, mas há uma correlação entre todos eles, por se tratar de um mesmo fenômeno (Pardinas, 1977:159).
Outros tipos de pesquisa podem ser encontrados; todavia, a mais completa abordagem encontra-se no esquema tipológico elaborado por Perseu Abramo (1979:34-44), apresentado aqui de forma bem simplificada:


“1. Segundo os campos de atividade humana ou os setores do conhecimento:


a. Monodisciplinares;
b. Multidisciplinares;
c. Interdisciplinares.


2. Segundo a utilização dos resultados:
a. Pura, básica ou fundamental;
b. Aplicada


3. segundo os processos de estudo:
a. Estrutural;
b. Histórico;
c. comparativo;


d. funcionalista;


e. monográfico;


4. Segundo a natureza dos dados:
a. Pesquisa de dados objetivos ou de fatos
b. Pesquisa objetiva ou de opiniões e atitudes
5. Segundo a procedência dos dados:
a. de dados primários;
b. de dados secundários;
6. Segundo o grau de generalização dos resultados:
a. censitária;
b. por amostragem (não probabilística ou aleatória).
7. Segundo a extensão do campo de estudo:
a. levantamentos, sondagens, surveys etc.;
b. pesquisas monográficas ou de profundidade.8. Segundo as técnicas e os instrumentos de observação:
a. observação direta (participante ou não participante);
b. observação indireta (consulta bibliográfica e documental, questionários e formulários, entrevistas, historias de vida, biografias).
9. Segundo os métodos de analise:
a. construção de tipos;
b. construção de modelos;
c. tipologias e classificações.
10. Segundo o nível de interpretações:
a. pesquisa identificativa;
b. pesquisa descritiva;
c. pesquisa mensurativa;
d. pesquisa explicativa.”
1.3 Planejamento da pesquisa
• Preparação da pesquisa
1. Decisão.
2. Especificação dos objetivos.
3. Elaboração de um esquema.
4. Constituição da equipe de trabalho.
5. Levantamento de recursos e cronograma.
• Fases da pesquisa
1. Escolha do tema.
2. Levantamento de dados.
3. Formulação do problema.

4. Definição dos termos.
5. Construção de hipóteses.
6. Indicação de variáveis.
7. Delimitação da pesquisa.
8. Amostragem.
9. Seleção de métodos e técnicas.
10. Organização do instrumental de observação.
11. Teste dos instrumentos e procedimentos.
• Execução da pesquisa
1. Coleta de dados.
2. Elaboração dos dados.
3. Analise e interpretação dos dados.
4. Representação dos dados.
5. Conclusões.
• Relatório de pesquisa
1.3.1 Preparação da pesquisa
1.3.1.1 Decisão
É a primeira etapa de uma pesquisa, o momento em que o pesquisador toma a decisão de realizá-la, no interesse próprio, de alguém ou de alguma entidade como, por exemplo, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico).
Nem sempre é fácil determinar o que se pretende investigar, e a realização da pesquisa é ainda mais difícil, pois exige do pesquisador dedicação, persistência, paciência e esforço contínuo.
A investigação pressupõe um serie de conhecimentos anteriores e metodologia adequada.
1.3.1.2 Especificação de objetivos
Toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar. Deve partir, afirma Ander-Egg (1978:62), “de um objetivo limitado e claramente definido, sejam estudos formulativos, descritivos ou de verificação de hipóteses”.
O objetivo torna explicito o problema, aumentando os conhecimentos sobre determinado assunto. Para Ackoff (1975:27),”o objetivo da ciência não é somente aumentar o conhecimento, mas o de aumentar as nossas possibilidades de continuar aumentando o conhecimento”.
Os objetivos podem definir “a natureza do trabalho, o tipo de problema a ser selecionado, o material a coletar” (Cervo, 1978:49). Podem ser intrínsecos ou extrínsecos, teóricos ou práticos, gerais ou específicos, a curto ou a longo prazo. Respondem ás perguntas: Por quê? Para quê? Para quem?
1.3.1.3 Elaboração de um esquema
Desde que se tenha tomado a decisão de realizar uma pesquisa, deve-se pensar na elaboração de um esquema que poderá ser ou não modificado e que facilite a sua viabilidade. O esquema auxilia o pesquisador a conseguir uma abordagem mais objetiva, imprimindo uma ordem lógica ao trabalho.
Para que as fases da pesquisa se processem normalmente, tudo deve ser bem estudado e planejado, inclusive a obtenção de recursos materiais, humanos e de tempo.
1.3.1.4 Constituição da equipe de trabalho
Esse é outro aspecto importante no inicio da pesquisa: engloba recrutamento e treinamento de pessoas, distribuição das tarefas ou funções, indicação de locais de trabalho e todo o equipamento necessário ao pesquisador.
A pesquisa também pode ser realizada apenas por uma pessoa.
Responde a pergunta: Quem?
1.3.1.5 Levantamento de recursos e cronograma
Quando a pesquisa é solicitada por alguém ou por alguma entidade, que vai patrociná-la, o pesquisador deverá fazer uma previsão de gastos a serem feitos durante a sua ocorrência, especificando cada um deles. Seria, portanto, um orçamento aproximado do montante de recursos necessários, não podendo ser rígido.
Deve haver recursos financeiros para levar a cabo este estudo; um cronograma, para executar a pesquisa em suas diferentes etapas, não poderá faltar.
Responde ás perguntas: Quanto? Quando?
1.3.2 Fases da pesquisa
1.3.2.1 Escolha do tema
Tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar. O trabalho de definir adequadamente um tema pode, inclusive, perdurar por toda a pesquisa. Nesse caso, deverá ser freqüentemente revisto.
Escolher o tema significa:
a. Selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as possibilidades, as aptidões e as tendências de quem se propõe a elaborar um trabalho cientifico;
b. Encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condições de ser formulado e delimitado em função da pesquisa.
O assunto escolhido deve ser exeqüível e adequado em termos tanto dos fatores externos quanto dos internos ou pessoais.
A disponibilidade de tempo, o interesse, a utilidade e a determinação para se prosseguir o estudo, apesar das dificuldades, e para terminá-lo devem se levados em consideração; as qualificações pessoais, em termos de background da formação universitária, também são importantes.
A escolha de um assunto sobre o qual, recentemente, foram publicados estudos deve ser evitada, pois uma nova abordagem torna-se mais difícil. O tema deve ser preciso, bem determinado e especifico.
Responde a pergunta: o que será explorado?
1.3.2.2 Levantamento de dados
Para obtenção de dados podem ser utilizados três procedimentos: pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e contatos diretos.
A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância Por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema. O estudo da literatura pertinente pode ajudar a planificação do trabalho, evitar duplicações e certos erros, e representa uma fonte indispensável de informações podendo até orientar as indagações.
A soma do material coletado aproveitável e adequado vaiará de acordo com a habilidade do investigador, de sua experiência e capacidade em descobrir indícios ou subsídios importantes para o seu trabalho.
Antes de se iniciar qualquer pesquisa de campo, o primeiro passo é a análise minuciosa de todas as fontes documentais que sirvam de suporte á investigação projetada.
A investigação preliminar – estudos exploratórios – deve ser realizada por intermédio de dois recursos: documentos e contatos diretos.
Os principais tipos de documentos são:
a. Fontes primárias: dados históricos, bibliográficos e estatísticos; informações, pesquisas e material cartográfico; arquivos oficiais e particulares; registros em geral; documentação pessoal (diários, memórias, autobiografias); correspondência publica ou privada etc.
b. Fontes secundárias: imprensa em geral e obras literárias.
Os contatos diretos, pesquisa de campo ou de laboratório, são realizados com pessoas que podem fornecer dados ou sugerir possíveis fontes de informações uteis.
As duas tarefas, pesquisa bibliográfica e de campo, podem ser executadas concomitantemente.
1.3.2.3 Formulação do problema
Problema é uma dificuldade, teórica ou prática, no conhecimento de alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma solução.
Definir um problema significa especificá-lo em detalhes precisos e exatos. Na formulação de um problema deve haver clareza, concisão e objetividade. A colocação clara do problema pode facilitar a construção da hipótese central.
O problema deve ser levantado, formulado, de preferência em forma interrogativa e delimitado com indicações das variáveis que intervém no estudo de possíveis relações entre si.
É um processo continuo de pensar reflexivo, cuja formulação requer conhecimentos prévios do assunto (materiais informativos), ao lado de uma imaginação criadora.
A proposição do problema é tarefa complexa, pois extrapola a mera identificação, exigindo os primeiros reparos operacionais: isolamento e compreensão dos fatores específicos que constituem o problema no plano de hipóteses e de informações.
A gravidade de um problema depende da importância dos objetivos e da eficácia das alternativas.
“A caracterização do problema define e identifica o assunto em estudo”; quando “bem delimitado, simplifica e facilita a maneira de conduzir a investigação” (Marinho, 1980:55).
Uma vez formulado o problema, devem-se seguir as etapas previstas, para se atingir o proposto.
O problema, antes de ser considerado apropriado, deve ser analisado sob o aspecto de sua valoração:
a. Viabilidade. Pode ser eficazmente resolvido por meio da pesquisa
b. Relevância. Deve ser capaz de trazer conhecimentos novos.
c. Novidade. Estar adequado ao estagio atual da evolução cientifica.
d. Exeqüibilidade. Pode levar a uma conclusão valida.
e. Oportunidade. Atender a interesses particulares e gerais.
Uma forma de conceber um problema científico é relacionar vários fatores (variáveis independentes) com o fenômeno em estudo.
Tipos de problemas
O problema pode tomar diferentes formas, de acordo com o objetivo do trabalho. Pardinas (1977:121-125) apresenta quatro tipos.
1. Problema de estudos acadêmicos. Estudo descritivo, de caráter informativo, explicativo ou preditivo.
2. Problema de informação. Coleta de dados a respeito de estruturas e condutas observáveis, dentro de uma área de fenômenos.
3. Problema de ação. Campo de ação onde determinados conhecimentos sejam aplicados co êxito.
4. Investigação pura e aplicada. Estuda um problema relativo ao conhecimento ou de investigação.
Podem chamar-se problemas de diagnostico, de propaganda, de planificação ou de investigação.
Responde às perguntas: o que? Como?
1.3.2.4 Definição dos termos
O objetivo principal da definição dos termos é torná-los claros, compreensivos, objetivos e adequados.
É importante definir todos os termos que possam dar margem a interpretações errôneas, o uso de termos apropriados, de definições corretas, contribui para a melhor compreensão da realidade observada.
Alguns conceitos podem estar perfeitamente ajustados aos objetivos ou aos fatos que eles representam. Outros, todavia, menos usados, podem oferecer ambigüidade de interpretação e ainda há aqueles que precisam ser compreendidos com um significado especifico. Muitas vezes, as divergências de certas palavras ou expressões são devidas as teorias ou áreas do conhecimento que as enfocam sob diferentes aspectos. Por isso, os termos devem ser definidos, esclarecidos, explicitados.
Se o termo utilizado não condiz ou não satisfaz ao requisito que lhe foi atribuído, ou seja, não tem o mesmo significado intrínseco, causando duvidas, deve ser substituído ou definido de forma que evite confusão de idéias.
O pesquisador não está precisamente interessado nas palavras em si, mas nos conceitos que elas indicam, nos aspectos da realidade empírica que elas mostram.
Há dois tipos de definições:
a. Simples. Quando apenas traduz o significado do termo ou expressão menos conhecida.
b. Operacional. Quando, alem do significado, ajudo, com exemplos, na compreensão do conceito, tornando clara a experiência no muno extensional.
1.3.2.5 Construção de hipóteses
Hipóteses é uma proposição que se faz na tentativa de verificar a validade de resposta existente para um problema. É uma suposição que antecede a constatação dos fatos e tem como característica um formulação provisória; deve ser testada para determinar sua validade. Correta ou errada, de acordo ou contraria ao senso comum, a hipótese sempre conduz a uma verificação empírica.
A função da hipótese, na pesquisa cientifica, é propor explicações para certos fatos e ao mesmo tempo orientar a busca de outras informações.
A clareza da definição dos termos da hipótese é condição de importância fundamental para o desenvolvimento da pesquisa.
Praticamente não há regras para a formulação de hipóteses de trabalho de pesquisa cientifica de tal maneira que possa servir de guia na tarefa da investigação.
Os resultados finais da pesquisa poderão comprovar ou rejeitar as hipóteses; neste caso, se forem reformuladas, outros testes terão de se realizados para sua comprovação.
Na formulação de hipóteses uteis, há três dificuldades principais, apontadas por Good e Hatt (1969:75):
“a. ausência ou o desconhecimento de um quadro de referencia teórico claro;
b. Falta de habilidade para utilizar logicamente esse esquema teórico;
c. “Desconhecimento das técnicas de pesquisa existentes para ser capaz de expressar adequadamente a hipótese.”
No inicio de qualquer investigação, devem-se formular hipóteses, embora, nos estudos de caráter meramente exploratório ou descritivo, seja dispensável sua explicitação formal. Nesse ponto, é conhecida como hipótese de trabalho. Entretanto, a utilização de uma hipótese é necessária para que a pesquisa apresente resultados uteis, ou seja, atinja níveis de interpretação mais altos.
1.3.2.6 Indicação de variáveis
Ao se colocar o problema e a hipótese, deve ser feita também a indicação das variáveis dependentes e independentes. Elas devem ser definidas com clareza e objetividade e de forma operacional.
Todas as variáveis que possam interferir ou afetar o objeto em estudo devem ser não só levadas em consideração, mas também devidamente controladas, para impedir comprometimento ou risco de invalidar a pesquisa.
1.3.2.7 Delimitação da pesquisa
Delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investigação. A pesquisa pode ser limitada em relação:
a. Ao assunto – selecionando um tópico, a fim de impedir que se torne ou muito extenso ou muito complexo;
b. À extensão – porque nem sempre se pode abranger todo o âmbito no qual o fato se desenrola;
c. A uma série de fatores – meios humanos, econômicos e de exiguidade de prazo – que podem restringir o seu campo de ação.
Nem sempre há necessidade de delimitação, pois o próprio assunto e seus objetivos podem estabelecer limites.
Ander-Egg (1978:67) apresenta três níveis de limites, quanto:
a. Ao objeto – que consiste na escolha de maior ou menor numero de varáveis que intervêm no fenômeno a ser estudado. Selecionado o objeto e seus objetivos, estes podem condicionar o grau de precisão e especialização do objeto;
b. Ao campo de investigação – que abrange dois aspectos: limite no tempo, quando o fato deve ser estudado em determinado momento, e limite no espaço, quando deve ser analisado em certo lugar. Trata-se, evidentemente, da indicação do quadro histórico e geográfico em cujo âmbito se localiza o assunto;
c. Ao nível de investigação – que engloba três estágios: exploratórios, de investigação e de comprovação de hipóteses, já referidos anteriormente. Cada um deles exige rigor e refinamento metodológico.
Após a escolha do assunto, o pesquisador pode decidir ou pelo estudo de todo o universo da pesquisa ou apenas sobre um amostra. Neste caso, será aquele conjunto de informações que lhe possibilitará a escolha da amostra, que deve ser representativa ou significativa.
Nem sempre há possibilidade de pesquisar todos os indivíduos do grupo ou da comunidade que se deseja estudar, devido á escassez de recursos ou á premência do tempo. Nesse caso, utiliza-se o método da amostragem, que consiste em obter um juízo sobre o total (universo), mediante a compilação e exame de apenas um parte, a amostra, selecionada por procedimentos científicos.
O valor desse sistema vai depender da amostra:
a. Se ela for suficientemente representativa ou significativa;
b. Se contiver todos os traços característicos numa proporção relativa ao total do universo.
1.3.2.8 Amostragem
A amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo
Os processos pelos quais se determina a amostragem são descritos em detalhe no próximo capitulo.
1.3.2.9 Seleção de métodos e técnicas
Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa cientifica podem ser selecionados desde a proposição do problema, da formulação das hipóteses e da delimitação do universo ou da amostra.
A seleção do instrumental metodológico está, portanto, diretamente relacionada com o problema a ser estudado; a escolha dependerá dos vários fatores relacionados com a pesquisa, ou seja, a natureza dos fenômenos, o objeto da pesquisa, os recursos financeiros, a equipe humana e outros elementos que possam surgir no campo da investigação.
Tanto os métodos quanto as técnicas devem adequar-se ao problema a ser estudado, ás hipóteses levantadas e que se queira confirmar, ao tipo de informantes com que se vai entrar em contato.
Nas investigações, em geral, nunca se utiliza apenas um método ou uma técnica, e nem somente aqueles que se conhece, mas todos os que forem necessários ou apropriados para determinado caso. Na maioria das vezes, há uma combinação de dois ou mais deles, usados concomitantemente.
1.3.2.10 Organização do instrumental de pesquisa
A elaboração ou organização dos instrumentos de investigação não é fácil, necessita de tempo, mas é uma etapa importante no planejamento da pesquisa.
Em geral, as obras sobre pesquisa cientifica oferecem esboços práticos que servem de3 orientação na montagem dos formulários, questionários, roteiros de entrevistas, escalas de opinião ou de atitudes e outros aspectos, alem de dar indicações sobre o tempo e o material necessários á realização de uma pesquisa.
Ao se falar em organização do material de pesquisa, dois aspectos devem ser apontados:
a. Organização do material para investigação, anteriormente referido.
b. Organização do material de investigação, que seria o arquivamento de idéias, reflexões e fatos que o investigador vem acumulando no transcurso de sua vida.
Iniciadas as tarefas de investigação, é necessário preparar não só os instrumentos de observação, mas também o dossiê de documentação relativo á pesquisa: pastas, cadernos, livretos, principalmente fichários.
Lebret (1961:100) indica três tipos de fichários:
a. De pessoas. Visitadas ou entrevistadas ou que se pretende visitar, com alguns dados essenciais;
b. De documentação. Em que aparecem os documentos já lidos ou a serem consultados, com as dúvidas referências;
c. Dos “indivíduos” pesquisados. Ou objetos de pesquisa, vistos em sentido estatístico: pessoas, famílias, classes sociais, industrias, comércios, salários, transportes etc.
O arquivo de conter, também, resumos de livros, recortes de periódicos, notas e outros materiais necessários á ampliação de conhecimentos, mas cuidadosamente organizados.
1.3.2.11 Teste de instrumentos e procedimentos
Elaborados os instrumentos de pesquisa, o procedimento mais utilizado para averiguar a sua validade é o teste preliminar ou pré-teste. Consiste em testar os instrumentos da pesquisa sobre uma pequena parte da população do “universo” ou da amostra, antes de ser aplicado definitivamente, a fim de evitar que a pesquisa chegue a um resultado falso. Seu objetivo, portanto, é verificar até que ponto esses instrumentos tem, totalmente, condições de garantir resultados isentos de erros.
Em geral, é suficiente realizar a mensuração em 5% ou 10% do tamanho da amostra, dependendo, é claro, do numero absoluto dos processos mensurados.
Deve ser aplicado por investigadores experientes, capazes de determinar a validez dos métodos e dos procedimentos utilizados.
Nem sempre é possível prever todas as dificuldades e problemas decorrentes de uma pesquisa que envolva coleta de dados. Questionários posem não funcionar; serem as perguntas subjetivas, mal formuladas, ambíguas, de linguagem inacessível; reagirem os respondentes ou se mostrarem equívocos; a amostra ser inviável (grande ou demorada demais). Assim, a aplicação do pré-teste poderá evidenciar possíveis erros e possibilitar a reformulação da falha no questionário definitivo.
Para que o estudo ofereça boas perspectivas cientificas, certas exigências devem ser levadas em consideração: fidelidade da aparelhagem, precisão e consistência dos testes; objetividade e validez das entrevistas e dos questionários ou formulários; critério de seleção da amostra.
O pré-teste pode ser aplicado a uma amostra aleatória representativa ou intencional. Quando aplicado com muito rigor, dá origem ao que se designa por pesquisa-piloto.
1.3.3 Execução da pesquisa
1.3.3.1 Coleta de dados
Etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta dos dados previstos.
É tarefa cansativa e toma, quase sempre, mais tempo do que se espera. Exige do pesquisador paciência, perseverança e esforço pessoal, alem do cuidadoso registro dos dados e de um bom preparo anterior.
Outro aspecto importante é o perfeito entrosamento das tarefas organizacionais e administrativas com as cientificas, obedecendo aos prazos estipulados, aos orçamentos previstos, ao preparo do pessoal. Quanto mais planejamento for feito previamente, menos desperdício de tempo haverá no trabalho de campo propriamente dito, facilitando a etapa seguinte.
O registro controle na aplicação dos instrumentos de pesquisa é fator fundamental para evitar erros e defeitos resultantes de entrevistadores inexperientes ou de informantes tendenciosos.
São vários os procedimentos para a realização da coleta de dados, que variam de acordo com as circunstancias ou com o tipo de investigação. Em linhas gerais, as técnicas de pesquisa são:
1. Coleta documental.
2. Observação.
3. Entrevista.
4. Questionário.
5. Formulário.
6. Medidas de opiniões d de atitudes.
7. Técnicas mercadológicas.
8. Testes.
9. Sociometria.
10. Analise de conteúdo.
11. Historia de vida.
Estas técnicas serão visitas, em detalhes, no capitulo seguinte.
1.3.3.2 Elaboração dos dados
Após a coleta dos dados, realizada de acordo com os procedimentos indicados anteriormente, eles são elaborados e classificados de forma sistemática. Antes da analise e interpretação, os dados devem seguir os seguintes passos: seleção, codificação, tabulação.
a) Seleção
É exame minucioso dos dados, realizada de posse do material coletado, o pesquisador deve submetê-lo a uma verificação critica, a fim de detectar falhas ou erros, evitando informações confusas, distorcidas, incompletas, que podem prejudicar o resultado da pesquisa.
Muitas vezes, o pesquisador, não sabendo quais aspectos são mais importantes, registra grande quantidade de dados; outras vezes, talvez por instruções mal compreendidas, os registros ficam incompletos, sem detalhes suficientes. A seleção cuidadosa pose apontar tanto o excesso como a falta de informações. Neste caso, a volta ao campo, para reaplicação do instrumento de observação, pode sanar tais falhas. A seleção concorre também para evitar posteriores problemas de codificação.
b) Codificação
É a técnica operacional utilizada para categorizar os dados que se relacionam. Mediante a codificação, os dados são transformados em símbolos, podendo ser tabelados e contados.
A codificação divide-se em duas partes: 1. Classificação dos dados, agrupando-os sob determinadas categorias; 2. Atribuição de código, numero ou letra, tendo cada um deles um significado. Codificar quer dizer transformar o que é qualitativo em quantitativo, para facilitar não só a tabulação dos dados, mas também sua comunicação.
A técnica da codificação não é automática, pois exige certos critérios ou normas por parte do codificador, que pode ser ou não o próprio pesquisador.
c) Tabulação
É a disposição dos dados em tabelas, possibilitando maior facilidade na verificação das inter-relações entre eles. É uma parte do processo técnico de analise estatística, que permite sintetizar os dados de observação conseguidos pelas diferentes categorias e representá-los graficamente. Dessa forma, poderão ser mais bem compreendidos e interpretados mais rapidamente.
Os dados são classificados pela divisão em subgrupos e reunidos de nodo que as hipóteses possam ser comprovadas ou refutadas.
A tabulação pode ser feita á Mao ou á maquina. Em projetos menos ambiciosos, geralmente se utiliza a técnica de tabulação manual. Requer menos tempo e esforço, lida com pequeno numero de casos e com poucas tabulações mistas, sendo menos dispendioso. Em estudos mais amplos, com números de casos ou de tabulações mistas bem maiores, o emprego do computador é o indicado: economiza tempo, esforço, diminui as margens de erro e, nesse caso, fica mais econômico (ver 4.3).
1.3.3.3 Analise e interpretação dos dados
Uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, o passo seguinte é a analise e interpretação destes, constituindo-se ambas no núcleo central da pesquisa. Por este motivo, o capitulo 5 aborda com detalhes esta parte.
Para Best (1972:152), “representa a aplicação lógica dedutiva e indutiva do processo de investigação”. A importância dos dados está não neles mesmos, mas no fato de proporcionarem respostas ás investigações.
Analise e interpretação são duas atividades distintas, mas estreitamente relacionadas e, como processo, envolvem duas operações, que serão visitas a seguir.
1. Analise (ou explicação)
E a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores. Essas relações podem ser “estabelecidas em função de suas propriedades relacionais de causa-efeito, produtor-produto, de correlações, de analise de conteúdo etc.” (Trujillo, 1974:178). (Ver Capitulo 5.)
Em síntese, a elaboração da analise, propriamente dita, é realizada em três níveis:
a. Interpretação. Verificação das relações entre as variáveis independente e dependente, e da variável interveniente (anterior á dependente e posterior á independente), a Jim de ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno (variável dependente)
b. Explicação. Esclarecimento sobre a origem da variável dependente e necessidade de encontrar a variável antecedente (anterior ás variáveis independente e dependente).
c. Especificação. Explicitação sobre até que ponto as relações entre as variáveis independente e dependente são validas (como, onde e quando).
Na analise, o pesquisador entra em mais detalhes sobre os dados decorrentes do trabalho estatístico, a fim de conseguir respostas ás suas indagações, e procura estabelecer as relações necessárias entre os dados obtidos e as hipóteses formuladas. Estas são comprovadas ou refutadas, mediante a análise.
2. Interpretação
É a atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo ás repostas, vinculando-as a outros conhecimentos. Em geral, a interpretação significa a exposição do verdadeiro significado do material apresentado, em relação aos objetivos propostos e ao tema. Esclarece não só o significado do material, mas também faz ilações mais amplas dos dados discutidos.
Na interpretação dos dados da pesquisa, é importante que eles sejam colocados de forma sintética e de maneira clara e acessível.
Dois aspectos são importantes:
a. Construção de tipos, modelos, esquemas. Após os procedimentos estatísticos, realizados com as variáveis, e a determinação de todas as relações permitidas ou possíveis, de acordo com a hipótese ou problema, é chegado o momento de utilizar os conhecimentos teóricos, a fim de obter resultados previstos.
b. Ligação com a teoria. Esse problema aparece desde o momento inicial da escolha do tema; é a ordem metodológica e pressupõe uma definição em relação ás alternativas disponíveis de interpretação da realidade social.
Para proceder á analise e interpretação dos dados, devem-se levar em consideração dois aspectos:
• Planejamento bem elaborado da pesquisa, para facilitar a analise e a interpretação;
• Complexidade ou simplicidade das hipóteses ou dos problemas, que requerem abordagem adequada, mas diferente; a primeira exige mais tempo, mais esforço, sendo mais difícil sua verificação; na segunda, ocorre o contrario.
Mesmo com dados validos, é a eficácia da analise e da interpretação que determinará o valor da pesquisa.
Best (1972:150-152) aponta alguns aspectos que podem comprometer o êxito da investigação:
1. Confusão entre afirmações e fatos. As afirmações devem ser comprovadas, tanto quanto possível, antes de serem aceitas como fatos.
2. Incapacidade de reconhecer limitações. Tanto em relação ao grupo quanto pelas situações, ou seja, tamanho, capacidade de representação e a própria composição, que pode levar a resultados falsos.
3. Tabulação descuidada ou incompetente. Realizada sem os cuidados necessários, apresentando, por isso, traços mal colocados, somas equivocadas etc.
4. Procedimentos estatísticos inadequados. Leva a conclusões sem validade, em conseqüência de conhecimentos errôneos ou limitações nesse campo.
5. Erros de calculo. Os enganos podem ocorrer em virtude de se trabalhar com um numero considerável de dados e de se realizarem muitas operações.
6. Defeitos de lógica. Falsos pressupostos podem levar a analogias inadequadas, a confusões entre relação e causa e/ou á inversão de causa e efeito.
7. Parcialidade inconsciente do investigador. Deixar-se envolver pelo problema, inclinando-se mais á omissão de resultados desfavoráveis á hipótese e enfatizando mais os dados favoráveis.
8. Falta de imaginação. Impede a descoberta de dados significativos e/ou a capacidade de generalizações, sutilezas que não escapariam a um analista mais sagaz. A imaginação, a intuição e a criatividade podem auxiliar o pesquisador, quando bem treinadas.
1.3.3.4 Representação dos dados: tabelas, quadros e gráficos


Tabelas (ou quadros)


É um método estatístico sistemático de apresentar os dados em colunas verticais ou fileiras horizontais, que obedece á classificação dos objetos ou materiais da pesquisa.


É bom auxiliar na apresentação dos dados, uma vez que facilita, ao leitor, a compreensão e interpretação rápida da massa de dados, podendo este, apenas com uma olhada, apreender importantes detalhes e relações. Todavia, seu propósito mais importante é ajudar o investigador na distinção de diferenças, semelhanças e relações, pela clareza e destaque que a distribuição lógica e a apresentação gráfica oferecem ás classificações.
Quanto mais simples for a tabela ou o quadro, concentrando-se sobre limitado numero de idéias, melhor: ficam mais claros, mais objetivos. Quando se tem muitos dados, é preferível utilizar um numero maior de tabelas, para não reduzir o seu valor interpretativo.
O que caracteriza a boa tabela é a capacidade de apresentar idéias e relações independentemente do texto de informações.
Regras para a utilização das tabelas. No texto, a tabela deve identificar-se pela palavra escrita com letra maiúscula, seguida de um algarismo romano correspondente. O titulo se coloca dois espaços abaixo da palavra TABELA e se ordena em forma de pirâmide investida, não se usando pontuação terminal. O titulo principal deve ser curto, indicando caramente a natureza dos dados apresentados; esporadicamente, pode aparecer um subtítulo.
As fontes dos dados, representados na ilustração, devem ser colocadas abaixo da tabela, com nome do autor, se houver, e a data.
Para muitos autores, tabelas e quadros são sinônimos; para outros, a diferença refere-se ao seguinte aspecto:
a. Tabela. É construída utilizando-se dados obtidos pelo próprio pesquisador em números absolutos e /ou percentagens.
b. Quadro. É elaborado tendo por base dados secundários, isto é, obtidos de fontes como o IBGE e outros, inclusive livros, revistas etc. desta forma, o quadro pode ser a transcrição literal desses dados, quando então necessitam indicação da fonte.
Finalmente, alguns autores denominam de tabela, independentemente da fonte dos dados, toda a representação visual que requer números (absolutos e /ou em percentagens), utilizando-se o quadro para agrupamento de palavras e fases.
Gráficos
São figuras que servem para a representação dos dados. O termo é usado para grande variedade de ilustrações: gráficos, esquemas, mapas, diagramas, desenhos etc.
Os gráficos, utilizados com habilidade, podem evidenciar aspectos visuais dos dados, de forma clara e de fácil compreensão. Em geral, são empregados para dar destaque a certas relações significativas. A representação dos resultados estatísticos co elementos geométricos permite uma descrição imediata do fenômeno.
Existem numerosos tipos de gráficos estatísticos, mas todos eles podem formar dois grupos.
a. Gráficos informativos. Objetivam dar ao publico ou ao investigador um conhecimento da situação real, atual, do problema estudado. Devem ser feitos com cuidados tais que o desenho impressione bem, tenha algo de atraente, MS este cuidado artístico não deve ser exagerado a ponto de prejudicar o observador na apreensão fácil dos dados.
b. Gráficos analíticos (históricos, políticos, geográficos). Seu objetivo. Alem do de informar, é fornecer ao pesquisador elementos de interpretação, cálculos, inferências, previsões.
Devem conter o mínimo de construções e ser simples. Podem ser usados também como gráficos de informação. Serão vetos juntamente com as tabelas de freqüências.
Tipos de gráficos: linear, de barras ou colunas, circular ou de segmentos, de setores, diagramas, pictóricos, cartogramas, organogramas, etc.
1.3.3.5 Conclusões
Ultima fase do planejamento e organização do projeto de pesquisa, que explicita os resultados finais considerados relevantes.
As conclusões devem estar vinculadas á hipótese de investigação, cujo conteúdo foi comprovado ou refutado.
Em termos formais, é uma exposição factual sobre o que foi investigado, analisado, interpretado; é uma síntese comentada das idéias essenciais e dos principais resultados obtidos, explicitados com precisão e clareza.
Ao se redigirem as conclusões, os problemas que ficaram sem solução serão apontados, a fim de que no futuro possam ser estudados pelo próprio autor ou por outros.
Em geral, não se restringem a simples conceitos pessoais, mas apresentam inferências sobre os resultados, evidenciando aspectos validos e aplicáveis a outros fenômenos, indo alem dos objetivos imediatos.
Sem a conclusão o trabalho parece não estar terminado. A introdução e a conclusão de qualquer trabalho cientificam, via de regra, são as ultimas partes a serem redigidas.
1.3.4 Relatório
Exposição geral da pesquisa, desde o planejamento ás conclusões, incluindo os processos metodológicos empregados. Deve ter como base a lógica, a imaginação e a precisão e ser expresso em linguagem simples, clara, objetiva, concisa e coerente. (ver 6.2)
Tem finalidade de dar informações sobre os resultados da pesquisa, se possível com detalhes, para que eles possam alcançar a sua relevância.
São importantes a objetividade e o estilo, mantendo-se a expressão impessoal e evitando-se frases qualificativas ou valorativas, pois a informação deve descrever e explicar, mas não intentar convencer.
Selltiz (1965:517) aponta quatro aspectos que o relatório deve abranger:
“a. Apresentação do problema ao qual se destina o estudo.
b. processos de pesquisa: plano de estudo, método de manipulação da variável independente (se o estudo assumir a forma de uma experiência), natureza da amostra, técnicas de coleta de dados, método de analise estatística.
c. Os resultados.
d. Conseqüências deduzidas dos resultados”


Literatura recomendada


ANDER-EGG, Ezequiel. Introducción a lãs técnicas de investigación social: para trabajadores sociales. 7. Ed. Buenos Aires: Humanitas, 1978. Segunda parte, Capitulo 6.


ASTI VERA, Armando. Metodologia da pesquisa científica. 5. Ed. Porto Alegre: Globo,1979. Capitulo 1.


BEST, J. W. Como investigar em educación. 2. De. Madri: Marota, 1972. Capitulo 1 e 2.


CASTRO, Claudio de Moura. A prática da pesquisa. São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1978. Capitulo 3.


FREITAS, Sonia Maria. Historia oral: possibilidades e procedimentos. São Paulo: Hmanitas,2002.


GOODE, William J.; HATT, Paul K. Métodos em pesquisa social. 3. ed São Paulo: Nacional,1969. Capitulo 8.


HIRANO, Sedi (Org.). Pesquisa social: projeto e planejamento. São Paulo:T. A. Queiroz, 1979. Capitulos 2 e 3.


MANZO, Abelardo J. Manual para La preparación de monografias: uma guia para presentar informes y teses. Buenos Aires: Hmanitas, 1971. Capitulo 2.


MARINHO, Pedro. A pesquisa em ciências humanas. Petrópolis: vozes, 1980. Capitulo 1 e 2.


FHILLIPS, Bernard S. pesquisa social: estratégias e táticas. Rio de Janeiro: Agir,1974. Segunda parte, Capitulo 4.


RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa cientifica. 2. ed. Petrópolis:Vozes, 1979. Capitulos 4, 5 e 6.


RUIZ, João Àlvaro. Metodologia cientifica: guia para eficiência nos estudos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1980. Capitulo 3.


RUMMEL. J. Francis. Introdução aos procedimentos de pesquisa em educação. 3 . ed. Porto Alegre: Globo, 1977. Capitulo 2 e 3.


SALOMOM, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia: elementos de metodologia do trabalho cientifico. 9 .ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Segunda parte, Capitulo 1.


SCHRADER, Achim. Introdução á pesquisa social empírica: um guia para o planejamento, a execução e a avaliação de projetos de pesquisa não experimentais. Porto Alegre: Globo, 1971. Capítulos 2 e 3.


SELLTIZ, C. et al Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: Herder, 1965. Capítulos 1, 2 e 3.


TRUJILLO FERRARE, Alfonso. Metodologia da ciência. 3. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974. Capítulos 6 e 7.