
DESAFIANDO A LEITURA E A ESCRITA: CONSTRUÇÃO DO LEITOR/ESCRITOR
Não adianta querermos ser claros.
A lógica não convence, a explicação nos cansa.
O que é claro não é preciso ser dito.
Noturnidade, de Cassiano Ricardo.
1. INTRODUÇÃO
O gosto pela leitura e escrita tem múltiplas relações com o universo lingüístico de cada um, proporcionar ao educando o contato com diversidade de textos vai permitir ao educador realizar inúmeras atividades que venham de encontro às necessidades de cada grupo de alunos. É papel de o educador favorecer ao educando o contato com diversas leituras, pois dessa forma o aluno vai despertar para o mundo da fantasia ao mundo desconhecido e mágico, “o mundo do leitor/ escritor”.
Fornecer aos alunos os contatos com a multiplicidade de textos que estão em circulação nos meios de comunicação é uma das alternativas para despertar no aluno o gosto pela leitura e escrita.
Orlandi (2001) considera que o espaço material tem sua formulação dos sentidos e que a música tem seus significados dentro do contexto em que o indivíduo está inserido, sendo assim as diferentes matérias e as diferentes superfícies leva o sujeito ao mundo do sentido e do significado, em outras palavras: autor/leitor confrontados definem-se em suas condições de produção. Os fatores que constituem essas condições é que vão configurar o processo da leitura.
A escola utiliza bem pouco, a diversidade de textos de circulação porque o modelo tradicional de ensino enfatiza de forma mais abrangente os conteúdos que os esquemas de aprendizagem constitutivos como: música, dramatizações, teatro, declamações enfim a arte na sua totalidade, recursos esses que além de despertar o gosto pelas diversas modalidades discursivas e interpretativas leva o educando ao universo do “BOM LEITOR/ESCRITOR”, autor de suas próprias idéias.
A prática de ensino de Língua Portuguesa no nível fundamental, mais especificamente nos últimos anos do ensino fundamental, continua sendo dominada por uma visão tradicionalista e com isso não tem desenvolvido no educando o gosto pela leitura e nem pela escrita, uma vez que não gostam de ler, tampouco escrever. As obras literárias trabalhadas são meramente para cumprir as exigências dos currículos e não deixa o aluno criar suas próprias estratégias de compreensão e interpretação.
Com o avanço tecnológico, o acesso à internet os alunos que quase não liam deixam de ler por completo, as bibliografias indicadas pelo professor, eles, os alunos, simplesmente baixam páginas inteiras da internet e entregam aos seus professores como trabalho de pesquisa, isso tem causado uma grande preocupação aos educadores compromissados com a produção do saber. Uma das questões mais preocupante: como fazer esses alunos lerem.
Precisamos mudar a nossa práxis em relação leitura e escrita, ele mentos fundamentais e necessários para o desenvolvimento das potencialidades do educando.
Em uma sociedade moderna em que recebemos uma gama de informações a cada minuto que passa, precisamos ser verdadeiros leitores, aquele que além de observar o mundo em que o rodeia e as intenções de discursividades presentes nos mais variados discursos em circulação no meio social, observar a intencionalidade discursiva de cada segmento da sociedade. Ninguém consegue ser critico se não tiver uma história de leitor.
Nas considerações de Orlandi (2001), verificamos que é preciso considerar as posições do sujeito, a regionalização dos sentidos, a projeção histórica, política, sobre a linearidade (textualidade), sendo assim é pertinente inferir a idéia de que o sujeito leitor se constitui nas relações: texto/inter-texto/autor/leitor e que este mesmo leitor se tornará produtor de suas próprias idéias.
O objetivo desse estudo é identificar as formas de inserção dos mais variados tipos de textos e as mais diversas formas de apresentação desses mesmos textos dentro do contexto escolar bem como desenvolver nos alunos o prazer pela leitura e escrita, numa perspectiva discursiva correlacionando os textos aos conteúdos de forma teórico-prática no ensino da Língua Portuguesa..
2. PROBLEMATIZAÇÃO
Um dos maiores problemas em relação a leitura e escrita nas escolas de rede pública refere-se a diversidade cultural, fazendo com que o trabalho pedagógico do professor se torne ainda mais difícil quando seus alunos são oriundos de classes menos favorecidas e tradicional classe popular ou vivem na linha da miséria.
Os educadores de bairros periféricos que se deparam uma imensa diversidade cultural, o ensino qualitativo juntamente com o quantitativo requer uma visão, necessária, de novas experiências educativas que tenham por base os componentes socializadores e integradores para situar a criança no espaço da escola e levá-la a expor atividades por ela desenvolvidas.
O índice de evasão escolar é explicado por Castro (1992) como falta de capacidade da escola constituir um universo escolar socializado, participativo e interativo. Pelo contrário, o modelo educativo exposto pelas estruturas de base a cada dia se torna mais excludente, a escola que deveria na sua totalidade desempenhar o papel de inclusão, acaba pelo seu modelo educativo fragmentado excluindo ainda os alunos das classes menos favorecidas com atividades que não condiz com o universo da criança.
Nesse sentido, as diversas leituras podem ser consideradas como estratégias de interação social em situações diversas para a promoção da aprendizagem, leituras orientadas que garantam a troca entre as próprias crianças, de forma que possam comunicar-se e expressar, demonstrando seus modos de agir, de pensar e de sentir, em um ambiente acolhedor que propicie a confiança e a auto-estima.
3. JUSTIFICATIVA
Nos últimos anos estamos percebendo que o nível de leitura e de escrita dos alunos do ensino fundamental tem caído de forma assustadora, basta ligar a TV ou acessar uma pagina na internet que a constatação da má qualidade de ensino permeia por todo o país. Com as críticas ao ensino o professor se sente responsável, mas não tem muito que fazer, uma vez que o próprio sistema educacional não tem proporcionado condições para a efetivação do verdadeiro conhecimento, o material humano que chega até o educador não tem proporcionado condições para que o mesmo desenvolva um trabalho condigno, com isso acaba a mercê de comentário maldosos por não conseguir desenvolver um trabalho que prime pela qualidade.
O mais assustador que a maioria das críticas recai sobre o professor de Língua Portuguesa, pois este é visto como responsável pelas questões relacionadas à leitura e a escrita. É sabido que o processo de aprendizagem na leitura/ escrita favorece a construção das representações internas do conhecimento, levando o aluno a ter uma maior facilidade na aquisição do conhecimento em todas as áreas do saber.
Com os problemas de aprendizagem e dificuldades dos alunos no tocante a leitura e na produção escrita, poucos educadores se arriscam a trabalhar com atividades que não são comuns dentro da escola devido a dificuldade que encontram em relacionar conteúdos exigidos as ações aplicadas.
Assim, acredita-se que a inserção de diversos recursos que venham viabilizar as produções: oral e escrita possa transformar a leitura/ escrita em uma atividade lúdica para os alunos, além de oportunizar aos mesmos a busca de soluções mais adequadas para as situações de dificuldades no tocante a produção do conhecimento, propiciando aos mesmos: ampliação de suas capacidades, apreciação dos conceitos, dos códigos lingüísticos e das diferentes linguagens, por meio da expressão e comunicação de sentimentos e idéias, da interpretação, da reflexão sobre os diversos discurso inseridos na sociedade, da elaboração de perguntas e respostas para os discursos que tentam dissuadir o cidadão.
Para isso, justifica-se a realização desse Projeto de Pesquisa, com a hipótese de que a leitura está associada ao meio em que o individuo está inserido e que a partir dessas leituras vista com “sem objetivo”, um exemplo as letras de músicas que estão na mídia podem favorecer o despertar para as diversas leituras entre as crianças de diversas idades em suas diversidades de hábitos, costumes, valores, crenças e etnias ampliar suas experiências enquanto leitor e transformá-los em leitores habituais e construtores de seu próprio conhecimento.
Nessa perspectiva, a música, o teatro, o romance e a mediação do professor poderão propiciar espaços e situações de aprendizagens que articulem os recurso e capacidades afetivas, emocionais, sociais, culturais de cada aluno aos seus conhecimentos prévio de mundo e os conteúdos referentes à disciplina em questão.
4. OBJETIVO GERAL
Desenvolver mecanismos que viabilizem o despertar da leitura e da escrita construindo um espaço de produção do saber e articulação entre os alunos em sala de aula e no espaço escolar, bem como propiciar aos mesmos textos que vão da literatura de cordel a literatura clássica, do mundo funk a velha guarda. Evidenciando a produção de sentido que cada texto tem nas diversas épocas e na história da humanidade.
4.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar como os diversos tipos de textos podem transformar o aluno acomodado em aluno leitor;
Relacionar os textos sugeridos nos livros didáticos com textos que estão na mídia;
Classificar os diversos tipos de textos e a mensagens que os mesmo trazem nas suas entrelinhas;
Identificar o bom leitor como o bom autor de suas próprias idéias;
Desenvolver estratégias para produção oral e escrita;
5. HIPÓTESES
5.1 Hipótese Primária
A questão leitura/ escrita tem múltiplas relações com a forma de trabalho do educador e que este deve realizar diversas atividades para favorecer ao educando maior compreensão dos textos trabalhados e motivação para a produção escrita.
5.2 Hipótese Secundária
O despertar para o gosto da leitura e escrita poderá ser a partir de atividades que desperte o imaginário do aluno e que os mesmos possam desenvolver seu pensamento na questão interpretativa e discursiva que está inserida nos textos de circulação social.
6. QUESTÕES A INVESTIGAR
Quais as formas de inserção de diversos texto como recurso para o despertar do leitor/ autor de seus próprios pensamentos numa perspectiva interpretativa da intencionalidade dos diversos tipos de discurso inseridos no universo textual?
Como as letras de música podem levar os alunos a se interessar pelas mais variadas leituras, saindo do lugar comum e chagando a leitura clássica?
Quais os instrumentos e recursos que podem contribuir para formulação de um modelo prático que dimensionem o ensino da Língua Portuguesa, na questão leitura e escrita?
Quais as formas de atuação do educando na construção de modelos práticos para exposição de suas idéias junto aos seus colegas de classe?
7. REFERENCIAL TEÓRICO
Conforme Orlandi (2001) o espaço material tem sua formulação de sentidos e que a música tem seus significados dentro do contexto em que o indivíduo está inserido, sendo assim as diferentes matérias e as diferentes superfícies leva o sujeito ao mundo dos sentidos e dos significados, em outras palavras autor/ leitor confrontado define-se em suas condições de produção. Os fatores que constituem essas condições é que vão configurar o processo da leitura. Nesse sentido devem-se considerar todas as formas de contato entre leitor e texto.
Desta forma existe uma relação muito próxima entre os textos de circulação na mídia e o gosto das crianças pelas modalidades de leitura fornecer a essas crianças uma diversidade de textos favorece o ensino dos conteúdos exigidos na disciplina de Língua Portuguesa de forma lúdica e prazerosa.
Koch e Traviglia (1995) em suas considerações ressaltam que é o conhecimento de mundo que nos faz considerar estranho o texto e que é a partir dos conhecimentos que temos vamos construir um modelo de mundo representado em cada texto – é o mundo textual. Tal mundo, é claro, nunca vai ser uma cópia fiel do mundo real, já que o produtor do texto recria sob dada ótica ou ponto de vista, dependendo de seus objetivos, crenças, convicções e propósitos, mas para que possamos estabelecer a coerência de um texto, é preciso que haja correspondência ao menos parcial entre os conhecimentos nele ativados e o nosso conhecimento de mundo, pois, caso contrário, não teremos condições de construir o mundo textual, dentro do qual as palavras e expressões do texto ganham sentidos.
É sabido que, quem não gosta de ler tampouco gosta de escrever. A leitura é parte integrante na construção de qualquer tipo de texto. As diversas modalidades de textos oferecem condições para o educando vivenciar situações do seu quotidiano e inferir suas próprias idéias nos textos oferecidos, fazer sua leitura critica e posicionar-se mediante ao texto, uma vez desenvolvendo essa habilidade no aluno ele vai ter embasamento para produzir seus próprios textos. Vale salientar que os aspectos a ser desenvolvido no educando deve ser de forma abrangente dado enfoque aos aspectos coesivos e argumentativos.
Todo texto produzido pelos alunos das últimas séries do ensino fundamental deve apresentar clareza, coerência, coesão, elegância. A “boa escrita” deve ser privilegiada uma vez que, é exigência do próprio sistema educacional.
O aluno que não conheça a funcionalidade da leitura e da escrita na escola poderá descobrir sua importância em outros espaços. O exercício da leitura poderá nascer da necessidade, mas cabe ao professor despertar o gosto da leitura e da escrita no aluno, pois no mundo em que vivemos inúmeras atividades exigem leitura, compreensão de texto, capacidade de relacionar fator.
O papel da escola é preparar o aluno para a vida, entendo que preparar para vida é preparar o aluno para o mercado de trabalho que cada dia exige mais. Toda preparação começa na base e a escola deve preparar esse aluno começando pela leitura e escrita, pois a leitura e a escrita é indispensável para o indivíduo para que ele possa fazer escolhas, decidir, conhecer, participar efetivamente da sociedade letrada que a nossa sociedade produziu.
Os fatores desencadeantes na formação do leitor é o convívio em ambientes que lhes oferecem multiplicidades de leituras com significação para a criança é lendo que se aprende a ler e é escrevendo que se aprende a escrever. A escola que tem pretensão de formar leitores e produtores de textos precisa permitir, com mais freqüência, o exercício dessas atividades no espaço escolar. Então a leitura e a escrita tornar-se-ão objeto de domínio do aluno.
É importante salientar que a leitura e a escrita são atividades fundamentais para o desenvolvimento e formação de qualquer indivíduo, pois dentro ou fora da escola e por toda vida, o domínio de ambas facilitará o crescimento intelectual.
Conforme Martins (1982) a leitura pode ser conceituada como sendo um processo de compreensão de expressões formais e simbólicas que se dá a conhecer através de várias linguagens. Portanto a leitura e a escrita não se limitam, apenas à decifração, a codificação e a decodificação de sinais gráficos. É muito mais que isso exige do individuo uma participação efetiva levando-o a construção do conhecimento.
Para que o aluno desenvolva a habilidade da “boa leitura e escrita”, o professor deve oferecer formas didáticas diversas para que a criança sinta o desejo de enveredar-se pelo mundo desconhecido, o mundo da Fantasia, mundo esse necessário para o “crescimento do aluno”.
Segundo Orlandi (2001) é preciso considerar as posições do sujeito, regionalização, dos sentidos, a projeção histórica, política, sobre a lineriedade (textualidade), sendo assim é pertinente inferir a idéia de que o sujeito leitor / escritor se constitui nas relações entre: texto/ inter-texto/ leitor/ escritor. Observando o sujeito em sua totalidade, nos seus anseios, enquanto parte integrante do processo ensino/ aprendizagem, valorizando o aluno e sua gama de conhecimento, trabalhando atividades discursivas voltadas a realidade local para conseqüentemente atividades discursiva num contexto mais amplo esse aluno se tornará produtor de suas próprias idéias.
O educador enquanto mediador do processo ensino/aprendizagem e protagonista na resolução dos problemas que permeia a qualidade do ensino de Língua Portuguesa, mais especificamente leitura e escrita, deve procurar desenvolver um trabalho consciente que promova o sucesso de todos os envolvidos no processo.
8- METODOLOGIA DA PESQUISA
Escolheu-se o Método Cientifico Dialético por ser o método de aproximação ao conhecimento objetivo da realidade, pois a partir da referida metodologia de pesquisa é possível aproximar-se ao máximo da objetividade e da realidade.
O estudo bibliográfico centra-se nas contribuições teóricas de variados autores. Trata-se, portanto de um estudo para identificar as dificuldades que os alunos das últimas séries do ensino fundamental têm no tocante a leitura e escrita, bem como tentar incluir outras estratégias de ensino no que refere-se a leitura e produção de textos, tendo como objetivo escolher analisar e selecionar, interpretar as contribuições teóricas existentes sobre o fenômeno pesquisado.
9- CRONOGRAMA
O tempo estipulado para a conclusão de pesquisa é consequentemente elaboração de artigo cientifico será de oito meses, sendo os três primeiros meses para trabalhar textos de circulação na mídia,literatura de cordel e letras de músicas funk e rap. Três meses para trabalhar obras literárias e música clássica. Os meses restantes será feita uma revisão de tudo o que foi trabalhado, produção de um livro junto com os alunos, e exposição do trabalho para a comunidade que acontecerá da seguinte forma:
Teatro, declamações, música, um desfile literário com caracterização dos personagens estudados.
10- REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu e seu funcionamento: as formas de discurso. Campinas: Pontes, 2001
Discurso e Texto: formação e circulação dos sentidos. Campinas: Pontes, 2001
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coerência textual/ Ingedore Koch, Luiz Carlos Traviglia. São Paulo: Contexto, 1995
MARTINS, M.H. O que é leitura: São Paulo: Brasiliense, 2006.
MONTEIRO, Roselane Soares. MONTEIRO, Sílvio Tavares. Notas sobre metodologia de pesquisa: série caderno de estudo Cuiabá: Cootrade, 1999.
NOSELLA, Maria de Lurdes Chagas Deiró. As belas mentiras: a ideologia subjacente aos textos didáticos. São Paulo: Moraes, 1981.